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Nesc

Relato de experiência em ambiente escolar remoto


Fotografia de Nataniel Kaoru, acadêmico da UFSJ. Mais fotografias podem ser encontradas em seu instagram @natakaoru.jpeg.

O presente relato é a partir da vivência no ambiente escolar remoto de uma Escola Estadual Pública. Com a Pandemia do Covid-19, as aulas retornaram de forma remota na 2ª quinzena de maio, onde um grupo de whatsapp se tornou a sala de aula dos professores e pedagogos, direção e técnicos de secretaria. O grupo se tornou a forma de contatos entre os professores, troca de ideias sobre as atividades propostas pelo Estado através do PET (Plano de Estudo Tutorado). E com a organização do estudo, cada professor assumiu uma turma e com isto, os alunos ficaram sendo tutorados por ele. E foi organizado pela direção da escola, a formação dos grupos no whatsapp de cada turma. Em uma turma tinha um aluno especial com autismo, que a família assumiu ajuda-lo nas atividades e estudos. A metade dos alunos tinham acesso ao whatsapp e a internet. A comunicação dos horários de acesso às aulas que estariam no ambiente virtual do Conexão Escola, o envio das atividades e tirar dúvidas dos anos, resolver problemas de conexão e dar apoio e incentivo. Iniciou em maio este processo de ensino remoto, já em julho eu percebi pelos colegas professores muito cansaço. Lidar com as dificuldades de aprendizagem em sala de aula é um desafio, mas lidar com as dificuldades tecnológicas dos alunos em acessar o ambiente do Conexão Escola com o número de matrícula e data de nascimento, se nem número de matrícula eles possuem e foi necessário a direção da escola conseguir através de um sistema estes dados e ao lado da dificuldade de digitação da própria dada de nascimento. Ao lado de que as regras de netiqueta não são bem conhecidas pelo aluno, família, porque alunos com menos idade, os pais e avós assumem até a função de contato com o professor tutor do grupo. E como está o professor no presente momento, outubro de 2020? Da mesma maneira, sobrecarregado, às vezes tendo que telefonar para os colegas para desabafar que a criação do grupo do whatsapp e a sua inserção com seu contato de telefone foi desnudada a privacidade, e assim não há período para receber mensagens no grupo que em agosto conseguiram fecha-lo às 18h e abri-lo as 7h. Mas sempre existem os alunos que ultrapassam a netiqueta e contata com os professores fora de horário pela via do número particular. Até que ponto educar se tornou tão invasivo a nossa privacidade, ao nosso tempo de lazer e de estar com a família. É visto que educar de forma online se tornou uma das únicas oportunidades, se não for a única, já que as aulas presenciais estão suspensas por causa da pandemia, no entanto, este processo de ensinar deve ser agradável e promissor. Mas ao lado de toda a boa vontade do professor e dos alunos também que querem estudar, continuar para terminar o ano letivo, existem as dificuldades tecnológicas e a própria netiqueta na internet, o limite foi ultrapassado quando os alunos não conseguem uma boa conexão, não conseguem resolver o acesso ao ambiente virtual de ensino, não consegue compreender o próprio conteúdo que é disponibilizado pelo Estado para todas as cidades de Minas Gerais e não foi elaborado pelo professor, pelo menos na educação básica não. O professor pode sim elaborar atividades para complementar o conteúdo, e os professores, em sua maioria estão fazendo isto, de forma brilhante na escola objeto de observação. Não se pensava em um ensino virtual para a educação básica, nos níveis Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio, no entanto, com a necessidade todos estão aprendendo a usar a internet como ferramenta de estudo e o whatsapp como sala de aula e sala de professores. Se os professores apresentam cansaço e desânimo, mas existem o coleguismo e o apoio que os fazem respirar fundo e seguir. Os alunos também estão se sentindo angustiados por não conseguirem acompanhar o que é novo e tecnologicamente avançado para o nível deles, oportunidades serão dadas para recuperarem os créditos não conquistados, mas para o professor uma palavra de apoio e o reconhecimento por lutar por um ensino mais democrático e inclusivo, desafio que não se sabe até quando estará neste formato remoto.

[Neuza Maria Câmara de Souza. Técnica da Educação e professora no Ensino Fundamental II e Ensino Médio na região das Vertentes, Minas Gerais. 12 de outubro de 2020]

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