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"Violino na varanda", de Fernando Campos Maia. Mais obras do artista podem ser encontradas no Facebook: Atelier Virtual - Fernando Campos Maia ou no Instagram: @fernandocamposmaia".
Cansado da monotonia
o homem decidiu brincar de ser
O carrossel girando lembrou
seus pés rodeando o quarto
com o peso do noticiário
Tentou se pendurar nas barras
mas os braços estavam cansados
de se debater
A gangorra quebrada dizia
que o mercado pesa mais
que certas vidas
E a piscina transborda
histórias esquecidas se acumulando
nas valas desconhecidas.
Poderia brincar de cabra cega
mas tapar os olhos é genocídio
Poderia empinar uma pipa
mas o céu preto ainda chora em prantos
a morte da criança preta
A amarelinha
sangra demais Belchior
e vai de um inferno
a outro inferno pior
O escorregador parece ir
para um abismo fundo de ignorância
E a caixa de areia constrói castelos de amanhã
que desmoronam
na contagem angustiada da ampulheta.
O homem segue para o balanço
no vai e vem da esperança
Agora só brinca mesmo de ser só
E enquanto o céu não abrir
Enquanto a gangorra não pesar
pro lado da vida
Enquanto as risadas não forem sentidas
num abraço
O jogo perdeu a graça.
[Núbia, estudante de psicologia, junho de 2020]
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