"No mar da imaginação", de Fernando Campos Maia. Mais obras do artista podem ser encontradas no Facebook: Atelier Virtual - Fernando Campos Maia ou no Instagram: @fernandocamposmaia".
Já se vão quase três meses de quarentena, e em meio ao caos da reabertura desordenada do comércio sobre corpos mortos pela Covid-19 que o desgoverno federal tenta empurrar pra debaixo do tapete, parece emergir uma necessidade que não sei se o pessoal tinha se dado conta até essa pandemia acontecer. O afrouxamento do isolamento social é político, econômico, mas também subjetivo como tudo na vida. O pulinho na casa da vó, buscar a panela na casa da madrinha, o sorvete com a amiga pra fofocar sobre as dificuldades amorosas parecem começar a fazer falta de uma forma um tanto estranha. Uma falta desmedida. Quase que explicariam o sentido da vida, e mala pro que dizem os filósofos com suas mirabolantes teorias existencialistas. Às vezes a vida é coisa simples mesmo, é bobagem, e não existe nada de mais existencial do que isso. Parece que ter dado de cara com esse fato tem a ver com a importância que a psicologia assumiu durante a quarentena, talvez um reconhecimento nunca antes visto como tal. Parece que apareceu o subjetivo onde antes só se via números, notas, prazos e datas na agenda. E, paradoxalmente, contraditoriamente, os mortos só crescem em números e tocam cada vez menos a subjetividade. Coisa do egoísmo eu acho. É como aprendemos, né? Desaprender é caminhada longa também, talvez mais do que a própria escola.
[Ana Luíza Morais. Estudante de psicologia. UFSJ/PET Saúde. 9 de junho de 2020].
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