Linha sobre folha, de Maria Clara Mendes, acadêmica da UFSJ. Mais trabalhos podem ser encontrados em seu ateliê virtual: @piquiborda.
Desde março entramos numa situação muito peculiar que nunca imaginamos viver. Pandemia e quarentena. Aí começou o isolamento social, ficar em casa, fazer home office - aqueles que podiam, claro, reuniões online, projetos a distância e tudo mais que veio nesse combo de confusão, angústia e uma pitada de questionamentos na nossa saúde mental. Mas outra coisa que também cresceu muito - pelo menos no meu caso - foi o uso das redes sociais. Antes eu geralmente encontrava meus amigos pessoalmente, saía pra comer, pra rir, pra me divertir. Mas então isso se tornou impossível e encontros online por vídeo chamada se tornaram comuns. Esquisito demais no começo, mas agora tudo se ajeitou e a gente até se acostumou com isso. Só que então na última semana decidi me aventurar um pouco mais nesse ‘mundo virtual’ - coisa que eu nunca tinha feito antes. Comecei a compartilhar mais da minha vida e das minhas reflexões no instagram, afinal, já que não posso sair pra discutir assuntos do dia a dia, por que não falar sobre eles na internet? Minhas vivências nos últimos anos foram um tanto quanto peculiares e achei muito legal a ideia de falar sobre elas e, quem sabe, ajudar alguém com isso. Mas gente, confesso que é assustador. Pensar que pode ser que eu entre no mesmo ‘pacote’ que as blogueiras produtoras de conteúdo me da um medo e joga uma responsabilidade em cima dos meus ombros que vira e mexe me pergunto porque eu decidi começar com isso. Também confesso que minha ansiedade por curtidas e comentários aumentou muito, coisa estranha demais essa. Como que pode algo tão bobo influenciar tanto a gente ? Aumentei a frequência com que olho pro celular e sinto uma pontinha de felicidade toda vez que sobe um coraçãozinho nas notificações. Perigoso isso né ? Mas aí também tem o outro lado, ontem postei um texto sobre saúde mental e mudanças que o nosso corpo sofre com isso. Uma menina me procurou porque estava passando exatamente por essa situação, disse que se sentiu acolhida pelo meu texto e me agradeceu. O coração ficou até quentinho com a mensagem dela. O poder das palavras me surpreende cada dia mais, porque um simples texto pode servir pra abraçar alguém, mesmo que virtualmente. Talvez por isso eu tenha entrado nesse mundo da escrita. Tomara que eu consiga encontrar um equilíbrio e não esquecer da vida real enquanto eu estiver fazendo postagens online. Por enquanto estou saboreando um mundo novo e tentando tirar o melhor dele. É, a quarentena e suas aventuras.
[Diário produzido por Beatriz Gomes Dalla Justina. Estudante de medicina da UFSJ.
Integrante do OBESC e participante do PET- Saúde. Escrito em 18 de agosto de 2020]
Como citar: GOMES, Beatriz. Aventuras digitais, publicado em 21 de setembro de
2020. Disponível em: (https://saudecoletivasjdr.wixsite.com/meusite/post/38-aventuras-digitais).
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