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Nesc

46. Eu


Fotografia do arquivo pessoal do autor.




Quando você


Percebe


que a casa é você


se permite a qualquer visita? Sinto que minha casa por anos foi habitada por visitas indigestas,


que a qualquer momento a estrutura repelia


com a mesma força de um furacão ou um tsunami


e depois eu quebrava em onda e ar...quebrar


era parte da minha vida até então.


Até então…


Estar juntando os cacos sozinho


me mostrou quais são as mãos que reconstrói,


quem é a cola para essas peças e o vento que consolida essa estrutura.


Todas as partidas que eu assisti


Me fizeram reconhecer a figura oblíqua, inerente, diversa e colorida que me espreita...

a figura que anda por aí


no intuito de viver e às vezes sobreviver, que grita para todos os cantos do mundo que ama


e que se comunica pela única linguagem possível no seu mundo: Poesia.


Quieto ao observar você que me lê,


me pergunto junto a você quem é essa figura especial que me espreita?


Peço


que para reconhecê-la permita-se olhar no espelho


e se perguntar quem nesses anos todos representou para você o mesmo que essa figura

representa para mim...


E falhe ao pensar que ela está fora de você.


[Ariel Pires, acadêmico de História na UFSJ, 08/04/2021]

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