"Om shiva!", de Fernando Campos Maia. Mais obras do artista podem ser encontradas no Facebook: Atelier Virtual - Fernando Campos Maia ou no Instagram: @fernandocamposmaia.
Corpo que pulsa, respira e sente. Nas veias há sangue que corre, movimento que não para, ainda que parado. Corpo que se transforma, às vezes sem perceber. Opa! E essa manchinha aqui? Isso não tinha! Ou será que tinha? Não sei, não reparei antes. A diminuição do ritmo da vida fez perceber meu corpo casa... Casa que não dá para fugir, que abriga a minha história, as angústias, as alegrias, cicatrizes, os sonhos. Por vezes é necessário mudar os móveis de lugar, jogar fora algumas coisas, arejar o ambiente. Tenho pés com ânsia por caminhar, braços que tem vontade de abraçar, mãos que querem se entrelaçar. Mas corpo também adoece, transmite doença, lembra a finitude do que vive e morre, sente medo. Lembrei que há corpos que podem ser mais preservados, podem se recluir, outros não. Há até mesmo corpos que estão mais sujeitos a adoecer, a serem atingidos por bala “perdida”. Ou melhor dizendo, bala achada, que acha corpos específicos, na maioria das vezes jovens e negros. Não tem jeito, para escrever tem sido necessário despejar nesse espaço o que tenho sentido esses dias, uma maneira de colocar em palavras aquilo que tem me feito refletir, uma forma de arejar o ambiente. Felizmente o corpo ainda pulsa, respira e sente.
[Lorena, estudante de psicologia, 20 maio de 2020]
Comments